sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Textos Clássicos do Verde (03): Parte 5

Roberto Moreno,
Operário do Automobilismo
Por Leandro Verde
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A PASSAGEM PELA BENETTON (1990 - 1991)
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Dias antes do GP do Japão, Alessandro Nannini, um dos pilotos da equipe, sofreu um acidente de helicóptero e quase perdeu um dos braços. Flávio Briatore se vê sem piloto para as duas últimas etapas, até que Piquet sugere seu amigo Roberto Moreno para o lugar de Nannini. Sem muitas escolhas, Briatore o convoca para a equipe para as corridas do Japão e da Austrália.
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E a corrida do Japão se mostrou a maior felicidade da vida de Roberto Moreno. Largando da 9ª posição, Moreno se aproveitou da batida de Prost e Senna na largada e dos abandonos e terminou na segunda posição, atrás de Piquet. Festa da Benetton e choro de Moreno. Depois de tantas peças do destino, finalmente o pódio o coroava. Com esse resultado, Moreno se assegurou para a temporada de 1991 na Benetton.
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Mas a temporada foi, no mínimo, estranha. Um carro irregular, o B191, desempenhos apenas regulares em corrida e azares (como o 3º lugar perdido a 5 voltas do final na corrida de Imola) prejudicaram a temporada de 1991 de Moreno. Até uma mal-explicada virose na corrida da França (onde Moreno teria vomitado dentro do capacete) o prejudicou. Após a corrida da Bélgica, Moreno tinha 7 pontos e uma volta mais rápida, feita exatamente na Bélgica, sua melhor corrida no ano. Mas eis que surge Michael Schumacher. Insatisfeito com Moreno e entusiasmado com o jovem alemão, Flavio Briatore quis assinar um contrato com Schumacher já para a corrida da Itália. As duas semanas entre a corrida da Bélgica e a da Itália viram um complicado problema entre Briatore, Moreno, Schumacher e Eddie Jordan, que foi parar na justiça comum. No final, os quatro entraram em acordo e Moreno perdeu seu lugar na Benetton para Schumacher. Em compensação, se é que se pode falar assim, Moreno correria o GP da Itália pela Jordan. Fala-se até hoje que Briatore o demitiu porque Moreno não era... bonito! Para Briatore, um piloto Benetton deveria ter boa aparência, compactuando com a grife, o que não era o caso de Moreno. Terminava aí a melhor fase de Moreno na F1.
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Lembro de um comentário publicado na revista 4 Rodas. Se não me engano foi o Niki Lauda quem disse: "Moreno deveria ser mais humilde e seguir a risca os passos de Piquet ao invés de tentar manter seus pontos de vista à força".
Não foram exatamente essas as palavras, mas era esse o conteúdo da declaração. Não tenho certeza de que foi o Lauda, mas esse é o tipo de declaração é a cara do austríaco, né?
Apesar dos pesares, seu desligamento da Benetton proporcionou ao brasileiro dirigir um dos carros mais bonitos da história da F1, o J191, uma das sensações da temporada 1991.
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Fernando Ringel

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