sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Coluna de Nelson Piquet na Grid - 1995

O Nelsão sempre escrevia colunas na grid, nessa época. Trago para vocês uma dessas colunas, encontrada em uma revista aqui em casa:


Êta semaninha agitada. Começou com as Mil Milhas, que, este ano, transformou-se para mim em 200 e poucas milhas. Depois da estréia do ano passado, nós (pilotos, o pessoal da BMW e da Regino) tínhamos um plano para a corrida de 1995: carros bem mais leves e bem mais potentes. Uma combinação capaz de enfrentar os Porsche biturbo, graças ao menor consumo de combustível, de pneus e paradas menos freqüentes e mais rápidas nos boxes. Conversei muito com o Paul Rosche, responsável pelo desenvolvimento de motores da divisão Motorsport da BMW e projetista do motor turbo com o qual faturei o bicampeonato em 1983. No papel, tínhamos uma estratégia infalível: dois carros, cinco pilotos de performance equilibrada e muita vontade.

 

Largamos em segundo e terceiro lugares e mantivemos a posição até o Porsche do Wilsinho parar para reabastecer. Aí fosse nossa vez de liderar, até a nossa parada. Tudo corria bem, conforme o planejado, e a pouca diferença em relação aos líderes prometia um final interessante. Puro sonho. Os dois carros tiveram o mesmo problema: as velas de ignição, talvez por um problema de fabricação, deram chabu. Foi pena, mas no ano que vem estaremos de volta porque teimosia é o nosso forte. Por via das dúvidas, já vou acendendo outras velas (aquelas de macumba) desde já.

 

Fora das Mil Milhas, fiquei com o domingo livre e, igualzinho a vocês, fui ver corridas pela TV. Comecei com a F3, transmitida lá de Buenos Aires. Que corrida boa! Ultrapassagens e emoções de verdade com dois brasileiros na ponta. Ganhou o Max Wilson, que fez um corridão e suou muito para passar o Bruno Junqueira. Parabéns para o Marcelo Ventre, que chegou em 3º e o locutor da Record insistia em dizer que era estreante e do Rio. Que eu saiba, ele é do Rio, mas o Rio Grande do Sul. Além disso, só na Itália, já correu 2 temporadas de F3. Ô do microfone, ta na hora de acordar...

 

Passei para a F1 e vi mais um domínio das Williams. Ouvi um monte de bobagens nos comentários e assisti o Rubinho correndo muito bem, só que mais uma vez a pé. Torci bastante pro Alesi (como muita gente, aposto) e não tive vontade nenhuma de estar lá, naquele circuito tão travado. Pode ser choro de aposentado, mas bom mesmo era na minha época, quando em CIRCUITOS eram sempre escritos com letra maiúscula.

 

Enfrentei finalmente a Fórmula Indy, com seu tradicional festival de bandeiras e batidas e vi mais uma vitória do Al Unser Junior. Para encerrar o dia e essa coluna, decidi também enviar para o Emerson, o Christian e o Gil de Ferran algumas daquelas velas de macumba...


(Fonte - Revista Grid - Edição de Maio de 1995)

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