O Fernando Alonso Desconhecido - 99/2001
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Por Leandro Verde
_O desempenho de Alonso não foi suficiente para colocá-lo na Fórmula 1 em 2000, mas lhe deu uma vaga na Fórmula 3000 Internacional, na equipe Astromega, por intermédio do engenheiro da Sauber Joan Villadelprat. A equipe não era pouca porcaria: havia vencido uma corrida em Mônaco em 1999 e colocou Gonzalo Rodriguez na briga pelo título daquele ano. Seu carro, todo patrocinado pela Telefonica, teria um layout igual ao do carro da Minardi na F1. Seu companheiro de equipe era o experiente Fabrice Walfisch, com duas temporadas na categoria.
Imola foi aquela típica primeira corrida, onde Alonso largou e andou no meio do grid o tempo todo. Silverstone foi um fiasco, com Alonso não conseguindo se classificar para corrida. Uma corrida discretíssima em casa, no circuito de Barcelona, e um acidente patético com Ricardo Mauricio na primeira curva colocavam o desempenho do espanhol em cheque. Ao que tudo indicava, não passava de um piloto vaca-brava. Mônaco foi um álibi aos urubus: Alonso deixou o carro parado no grid por erro seu, mas conseguiu voltar e fez uma corrida esplêndida, realizando ultrapassagens nas ruas do principado e terminando em oitavo. Era muito rápido (naquele ano, o espanhol liderou treinos oficiais por nada menos que seis vezes, e isso sem conhecer as pistas!), mas não passava de um moleque, pensava o paddock. Além do mais, a equipe só ouvia o veterano Walfisch, ignorando o garoto inexperiente de 18 anos.
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O piloto, no entanto, não desistia. Conforme a temporada passava, Alonso aprendia inglês para se comunicar com os funcionários da Astromega, que passaram a dar cada vez mais apoio, ouvindo suas reclamações e sugestões sobre o carro. Com isso, seu desempenho melhorou consideravelmente a partir da segunda metade da temporada. Em Magnycours, Alonso largou em terceiro e vinha fazendo uma ótima atuação até a bomba de combustível quebrar. Em A1-Ring, seu desempenho foi discreto, mas sua corrida foi boa o suficiente para lhe garantir o primeiro ponto na temporada.
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Em Hockenheim, Alonso conseguiu outra boa posição, a 6ª, mas sofreu um acidente no começo da corrida. Seu primeiro grande resultado foi em Hungaroring: 3ª posição no grid de largada e um 2º lugar na corrida. Mas a corrida da sua vida, a que representaria um salto na sua carreira, viria duas semanas depois, em Spa.
A Astromega havia finalmente conseguido acertar seus dois carros e a equipe esperava ir bem, ainda mais com seu segundo piloto, o veterano belga Marc Goossens, com 5 temporadas de F3000 nas costas e conhecedor profundo de Spa. Mas Alonso estava o diabo naquele fim de semana: pole-position, com Goossens em segundo. Ainda assim, havia muitos céticos: Goossens é o piloto da Astromega neste fim de semana.
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Os céticos erraram feio. O paddock viu uma das maiores atuações de toda a história da Fórmula 3000. Sem conhecer os truques da pista mais difícil do calendário, Alonso disparou na largada e abriu distância volta após volta com relação a seu experiente companheiro. Sua pilotagem era limpa e sem erros. Após 30 voltas, Alonso ganhava sua primeira corrida na F3000, com nada menos que 15 segundos de vantagem para Goossens. E note que todos os carros da F3000 são iguais, o que aumenta ainda mais os méritos do espanhol.
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A F1 passou a prestar atenção no espanhol. Gabriele Rumi, insatisfeito com Gaston Mazzacane em um dos carros da Minardi, queria colocar Alonso na F1 já a partir de Monza. Benetton, e acredite, a Ferrari apareceram interessadas no passe do jovem piloto. Naquele mesmo fim de semana de Spa, Alonso assinou um contrato com Flavio Briatore: o espanhol passava a ser piloto do Briatore e poderia vir a correr pela Benetton (que viria a ser Renault) no futuro. No fim das contas, Alonso passou longe do título, que ficou com Bruno Junqueira, mas o 4º lugar no campeonato (17 pontos) valeu muito mais do que o título de Junqueira e o vice de Nicolas Minassian. Ao contrário destes dois últimos, que tiveram de ir pra CART, Alonso estava perto de estrear na F1 em 2001.
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Na foto acima vemos Alonso entre gabriele Rumi e Giancarlo Minardi comemorando os 250 GPs da equipe na F1. Monza/2000.
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BASTIDORES DO POST:
Não sei se foi de propósito ou se foi erro de digitação, mas no trecho em que o Verde contava sobre o difícil começo de Alonso na F3000, no texto original, estava escrito:
" O piloto, no entanto, ANÃO desistia.".
Como se sabe o Alonso é baixinho mesmo, eheheheeh. De propósito ou não fica registrado o causo.
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Amanhã postaremos a sequência de mais um dos "Textos Clássicos do Verde", será retratada a primeira, e precária, temporada de Alonso na F1.
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Fernando Ringel
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