Toyota:
Em busca de uma identidade
Por Pedro Ivo
_ A Toyota entra na temporada 2009 meio que como entrou em todas as outras oito que participou até agora (2002 a 2008), ou seja, prometendo resultados e projetando vitórias.
Mas, a bem da verdade, a Toyota sofre é de uma certa falta de identidade. Talvez não só identidade. Precise também de uma afirmação dentro do circo.
A escuderia germano-nipônica já gastou um dinheiro enorme na categoria (se brincar, mais do que a Red Bull), e nunca obteve resultados à altura desses gastos. Para uma equipe que investe tanto, a Toyota obteve resultados modestos e tem sempre ficado na promessa. Começou em 2002, quando surgiu como novidade no circo, dando pinta de que seria uma escuderia
promissora, sendo que em 2004 já falavam até em vitórias. Ao final da primeira temporada mudaram a dupla de pilotos e trocaram um monte de gente na escuderia. Para 2004 tiraram, a peso de ouro, da Renault o projetista Mike Gascyone, que fez com que a escuderia obtivesse até alguns resultados, mas nada que fizesse jus às enormes cifras que eles continuavam - e continuam - gastando na F1.
Ano após ano essa história tem se repetido. Gastos e mais gastos (em 2005 investiram mais muito mais dinheiro que a Renault, enquanto que os franceses foram campeões e eles só ficaram em terceiro nos construtores) com poucos e até inexpressivos resultados. Some-se a isso pilotos superados ou que já não apresentam o desempenho de outrora (Trulli que o diga, e Glock ainda precisa de mais quilometragem pra se afirmar) e até mesmo a pintura, que não muda quase nada desde a estréia, mantendo aquele esquema (já citado em outro post) que chamo de "opa, derrubei um balde de tinta vermelha no carro". Todos esses fatores contribuem para a falta de identidade e afirmação da escuderia na categoria. Não há um piloto que a identifique (o Cristiano Da Matta poderia até ter feito isso, assim como Mika Salo e Alan McNish, mas todos foram mandados embora), não há um engenheiro, uma pintura marcante e nem resultados. Talvez a Toyota precise mesmo é dar uma repaginada geral.
Mas... será quando eles vão fazer isso?
Para essa temporada, mais uma vez eles mudaram bastante o carro. Não só pela questão de se adequar ao regulamento 2009, mas também porque se prestarmos atenção, veremos que a parte dianteira do TF109, principalmente o bico, não parece com nenhum outro modelo do circo esse ano, sendo bastante fino e alto, com suportes bastante longos ligando a asa dianteira a este. Porém, ao mesmo tempo em que mudaram bastante o carro, a dupla de pilotos continua a mesma do ano passado, Trulli e Glock. O italiano já apresenta sinais de cansaço e falta de motivação, que, somado aos últimos resultados da equipe, provavelmente será a temporada do "dá ou desce". Já o alemão começa a temporada 2009 precisando mais de experiência de qualquer coisa - a exemplo de outros pilotos como Nelsinho Piquet e Sebastien Buemi -, ou seja, continua como "promessa", sendo que se a equipe trabalhar bem ele pode até render bons resultados.
Em suma, a Toyota precisa provar muito e correr ainda mais para se firmar na categoria. E precisa fazer isso logo.
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_Lendo o texto do Pedro sobre a Toyota, lembrei da Ligier de 1992. Pq? Vamos por partes: o mesmo carro azul de sempre, patrocinadores de peso, engenheiros caríssimos (Gerard Ducarouge, por exemplo), o fantástico motor Renault V10 (mesmo da Williams, vice de 91 e campeã absoluta em 92) e principalmente, a Ligier de 1992 lembra a Toyota de 2009 na dupla de pilotos.
Pedro Ivo citou Trulli como "um piloto muito experiente e já um pouco cansado", e o alemão Timo Glock como "prestes a inciar sua segunda temporada, ainda uma jovem promessa". Isso me lembra Thierry Boutsen às portas da aposentadoria e a expectativa que ainda existia para que Erik Comas confirmasse a sua fama de piloto frio e veloz... sem falar que a Ligier, apesar dos grandes investimentos do final dos anos 80 e início dos anos 90, não fez quase nada na categoria nessa época. Vamos lembrar (mais uma vez):
1) Para começar, o desastrado e caro contrato de fornecimento com a Alfa Romeo que custou para a equipe as temporadas 86 e 87.
2) O chassis skate a lá Brabham BT55 e Mclaren MP4/4 que praticamente aposentou Arnoux e Johansson em 88 e contribuiu muito pra fazer a Ligier, em 89 e 90, brigar pra escapar da pré qualificação.
3) O belo e tremendamente ordinário chassis de 91, equipado com motor Lamborghini (as únicas coisas boas do motor eram o nome e o tremendo som) ... lembrando que esses são apenas três exemplos da longa história de desorganização da equipe do Tio Guy.
Claro que o desempenho da Toyota nos últimos anos é muito melhor, e mais profissional, do que essas temporadas citadas da Ligier, mas a grande expectativa criada pelos altos investimentos, as respeitaveis duplas de pilotos somados aos resultados modestos da equipe do velho Guy Ligier me lembram muito a Toyota.
Vale lembrar o titulo do texto do Pedro, "Toyota: Em Busca de uma Identidade". Apesar das estatisticas pobres, a Ligier era uma equipe simpática, tinha o seu "charme azulado e francês". Para a Toyota, conquistar uma identidade na F1 parece estar mais distante que a primeira vitóra._
Um abraço,
Fernando Ringel
2 comentários:
Realmente há semelhanças. Porém a Ligier era de garagem, já a Toyota F1 é de montadora. Aliás, para quem acompanha um pouco da Crise Mundial, a Toyota (carros de passeio) irá (ou já o fez) reduzir a jornada de trabalho em um turno. Creio que a Toyota F1 será a próxima a dançar.
Grande Ernesto,
demorei alguns meses para responder, né? Foi "mals". No caso, além do Pedro, vc foi outro que (bem antes do fim), não enxergou nenhuma luz no fim do tunel escuro em que a Toyota percorreu na F1(geralmente bem lentamente,kkkk).
Quanto a Ligier, mesmo decadente tinha muito charme. Digamos que (em seus ultimos anos) a equipe era uma opção honrosa para pilotos decadentes se aposentarem com o mínimo de glamour.
Obrigado pelos acessos, comentários e um abraço,
feringel@yahoo.com.br
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