quinta-feira, 31 de julho de 2008

Textos Clássicos do Verde (03): Parte 3

Roberto Moreno,
O Operário do Automobilismo

Por Leandro Verde
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A FÓRMULA 3000, A AGS, A FERRARI E AS PRIMEIRAS TEMPORADAS DE FÓRMULA INDY (1985 - 1988)
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Em 1985, Moreno iria disputar o novíssimo campeonato de Fórmula 3000, que substituiria a Fórmula 2. Sem dinheiro, só encontrou uma vaga na Barron, equipe americana que usaria um Tyrrell antigo, com motor Cosworth e pintura azul-escuro. Moreno disputou as quatro primeiras corridas, fazendo pontos em Silverstone e Estoril. Terminou o ano em 14º.
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Já fora da Fórmula 3000, Moreno acertou com a equipe Galles para disputar cinco etapas da Fórmula Indy. O March-Cosworth da equipe era bem eficiente e permitiu a Moreno largar entre os 10 primeiros nas cinco corridas. Infelizmente, ele terminou apenas uma, a de Miami, na quinta posição. Ficou em 28º, com 10 pontos. Com o bom desempenho, Moreno renovou com a Galles em 1986, disputando 16 das 17 corridas (foto abaixo). O Lola-Cosworth se mostrou inferior ao conjunto da temporada passada e Moreno teve desempenhos bastante irregulares, desde o 3º lugar nos grids das corridas de Elkhart Lake e Miami até a quase não-classificação para as 500 milhas de Indianápolis. Moreno terminou em 16º, com 30 pontos. Além disso, Moreno viajou para a Europa, em Agosto, para disputar o Birmingham Superprix da Fórmula 3000, pela equipe Bromley. Isso quase o prejudicou, pois um acidente no treino de classificação machucou suas costas e quase impediu sua participação na corrida e até mesmo nas corridas seguintes da Fórmula Indy.
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Em 1987, a Ralt deu uma nova oportunidade para Moreno, dessa vez na Fórmula 3000. Moreno ganharia para correr em um Ralt-Honda e teria, ao seu lado, Mauricio Gugelmin. A dupla era a favorita ao título, em uma equipe que corria com o apoio oficial da Honda. Mas o ano não foi tão bom quanto prometia. Moreno venceu apenas uma corrida, em Enna-Pergusa e teve vários problemas com falta de combustível na temporada, ficando em 3º. Mas o bom relacionamento da Ralt com a Honda permitiu que Moreno, ao lado de Gugelmin, fizesse um teste com a Williams.

Mas 1987 não foi só isso, muito pelo contrário. Viria aí a segunda oportunidade de Moreno na F1.
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A AGS, insatisfeita com Pascal Fabre, procurava um piloto para as duas últimas corridas do ano. E Moreno, com o campeonato da Fórmula 3000 encerrado, foi escalado para correr com o carro. A AGS era uma equipe bizarra, que corria com um Renault antigo, com assoalho de madeira e patrocínio da El Charro, tendo uma das pinturas mais feias da história. Não dava pra esperar muito de Moreno. Ou dava?
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A primeira corrida foi em Suzuka. Moreno ficou em último nos treinos, mas entrou no grid, em 27º, graças ao acidente de Nigel Mansell. A corrida acabou na 27ª volta, com problema no injetor de combustível. Mas a corrida da Austrália foi ótima. Largando em 25º, Moreno foi andando com perícia e inteligência, ganhando posições com os abandonos e terminando em um milagroso 6º lugar. Foi o seu primeiro ponto na F1 e o único ponto da AGS naquele campeonato. Seu conceito dentro da equipe estava altíssimo.
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Para 1988, a AGS havia reservado a sua única vaga para Moreno. Até meados de Fevereiro, ele seria o piloto, mas eis que aparece Philippe Streiff com patrocinadores franceses e Moreno fica sem vaga na F1 para 1988. Resta a ele trabalhar como piloto de testes da Ferrari, desenvolvendo o câmbio semi-automático e o motor aspirado, e correr na Fórmula 3000.
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O campeonato de 1988 de Fórmula 3000 para Moreno talvez tenha sido o mais complicado da sua vida. Sua equipe, a Bromley Motorsports, estava quebrada, sem patrocinadores e com poucos mecânicos. Seu carro, o Reynard-Cosworth, foi emprestado pela própria Reynard com a promessa de que Moreno levaria o título do campeonato para a fábrica. Moreno disputaria o campeonato com o seguinte esquema: arranjaria o dinheiro para o fim de semana da corrida com os prêmios da corrida anterior e com patrocinadores locais.
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Ele só sobreviveria com o dinheiro de piloto de testes da Ferrari. E assim, Moreno se lançou, disputando o campeonato contra equipes poderosas (FIRST, GA, Onyx, EJR). Em corridas exuberantes, Moreno obteve quatro vitórias (Pau, Silverstone, Monza e Birmingham) e o título, com 43 pontos. A Autosprint dedicou uma reportagem enorme só sobre a brilhante temporada de Moreno na F3000. Estava assinado o passaporte para a Fórmula 1.

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