sexta-feira, 11 de julho de 2008

Textos Clássicos do Verde (02):

A Fórmula 3000 há 20 anos (PARTE 1)

Por Leandro Verde


11 corridas, 4 chassis, 2 motores, mais de 35 pilotos inscritos por corrida. Destes, 24 pilotos que conseguiram, posteriormente, subir para a Fórmula 1. 1988 foi talvez uma das melhores temporadas da curta história da Fórmula 3000 Internacional, se não a melhor.

Porém antes de tudo isso, ainda no começo do ano, a Fórmula 3000 entrava em seu quarto campeonato com muitas esperanças. Seus três primeiros anos, embora turbulentos e um tanto quanto desorganizados, foram de sucesso, e seus três campeões (Christian Danner, Ivan Capelli e Stefano Modena) conseguiram chegar à F1, além de vários outros ótimos pilotos. O campeonato de 1988 prometia.

A maior novidade era a chegada da Reynard, construtora inglesa de chassis. O modelo 88D, projetado por Adrian Reynard e Malcom Oastler, era inspirado no carro 883 utilizado nos campeonatos de Fórmula 3000 e tinha uma aparência muito mais moderna do que os concorrentes, Lola, March, Dallara e Ralt.

A March, construtora tricampeã, desenvolveu, por intermédio de Andy Brown, o 88B, um carro muito parecido com o anterior (uma desvantagem, visto que o anterior já não possuía linhas tão modernas), porem mais fácil de se ajustar. No entanto, devido ao mau relacionamento entre o dono da March, Robin Herd, e os chefes de equipe, apenas 8 carros foram desenvolvidos. A Lola, por outro lado, desenvolveu um carro moderno, o T88/50, com uma suspensão dianteira totalmente nova. A Ralt, que já não era mais a força de anos anteriories, desenvolveu o RT22, um carro full composite. Por fim, a Dallara utilizava o 3087, o mesmo carro do ano anterior. Ou seja, tudo indicava que a Reynard, mesmo estreando, teria um ano fácil.

A turma de pilotos também era interessantíssima. A campeã Onyx viria com o alemão Volker Weidler, futuro piloto da Rial, e o já falecido Alfonso Garcia de Vinuesa, recuperado de um acidente em Spa no ano anterior. A ORECA correria com Pierre-Henri Raphanel e um tal Jean Alesi, (foto ao lado) destaque da F3 francesa. As duas equipes seriam patrocinadas pela Marlboro, utilizando uma pintura semelhante à McLaren.

Eddie Jordan, com chassis Reynard e patrocínios monstruosos da Camel e da Q8, teria o campeão inglês de F3 Johnny Herbert e o sueco egresso da F3 inglesa Thomas Danielsson, que posteriormente terá sofrido uma situação única na história do automobilismo. A First, de Lamberto Leoni, teria Pierluigi Martini e Marco Apicella. Andrea Chiesa e Paolo Barilla correriam na CoBRa. A GBDA, que viria a ser a DAMS no futuro, teria Olivier Grouillard e Michel Trollé. A equipe oficial da Lola teria Mark Blundell e Paul Belmondo.

A Ralt, sem os motores Honda, viria com Eric Bernard e Russell Spence. A GA vinha com uma operação monstro: quatro carros, para Gregor Foitek, Claudio Langes, Giovanna Amati e Jari Nurminen, sendo que estes dois últimos correriam pela GA-Colt, patrocinada pelos cigarros finlandeses Colt. Quer dizer, o nível estava altíssimo e havia outros pilotos menos importantes mas não menos competentes, como o irmão de James Hunt, David Hunt. Um deles, porém, merece menção: Roberto Moreno.

Moreno não queria correr na F3000 outra vez. Já havia passado pela categoria nos últimos três anos, brigou pelo título em 1987 correndo com um Ralt-Honda, enfim, sabia que não tinha mais o que fazer. Seu plano era correr na F1 pela AGS em 1988. A AGS foi a equipe pela qual Moreno fez as duas últimas etapas de 1987, marcando um ponto na última, em Adelaide, mas para 1988 a equipe não teria o patrocínio da El Charro. Esse foi um fator decisivo para a equipe anunciar a rescisão do contrato com o brasileiro em Fevereiro de 1988.
Sem qualquer chance de correr na F1 em 1988, Moreno acabou aceitando fazer mais uma temporada na F3000, pela pequena equipe Bromley. A equipe, liderada por Ron Salt, tinha Gary Anderson como engenheiro e diretor técnico, um punhado de mecânicos, um Reynard amarelo emprestado pela própria fábrica e um representante da Reynard para assistência, Rick Gorne. E só. Nada de patrocínio. Moreno correria literalmente de graça: não pagaria para correr, mas também não receberia. E assim a Bromley se lançava para a disputa, contra equipes enormes como Onyx, GA, First, ORECA e GBDA, e sem dinheiro algum, só com o esforço e a paixão de seus componentes pelas corridas.

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Amanhã, Leandro Verde conta para você, corrida a corrida, como foi esse incrível campeonato, que teve em sua primeira etapa o nascimento de uma estrela... um tal de Johnny Herbert.

Essa entre outras histórias, o Verde conta com todos os detalhes, fotos e videos, amanhã. Não perca.


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Fernando Ringel

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