quarta-feira, 2 de julho de 2008

Textos Clássicos do Verde (01):

O Relacionamento entre Mansell e McLaren
Por Leandro Verde



Após a morte de Ayrton Senna em Imola, a Fórmula 1 vivia, em 1994, uma de suas piores fases em termos de pilotos. Não em termos de qualidade, visto que a categoria tinha ótimas revelações (além de Schumacher e Hill, pilotos como Barrichello, Hakkinen, Coulthard e Frentzen), mas sim na ausência de grandes nomes. Piquet já estava aposentado desde 1991. Prost havia se aposentado um ano antes. Havia apenas um restante, Nigel Mansell.

O inglês, porém, sofria na Indy com um carro que não conseguia sequer se aproximar das Penske-Ilmor. Prestes a completar 41 anos, Mansell não pretendia continuar nos Estados Unidos se fosse pra perder. Ao mesmo tempo, Bernie Ecclestone precisava urgentemente de alguém para abrilhantar o grid. Os dois interesses se encontraram e o astuto dirigente inglês arranjou quatro corridas para Mansell, na Williams.Na França, Mansell sofreu com sua forma física e não conseguiu andar próximo sequer de Hill. Em Jerez, também não fez grandes coisas. Em Suzuka, passou a corrida inteira atrás de Alesi. A vitória em Adelaide ocorreu porque Schumacher e Hill estavam de fora. Com 41 anos nas costas, parecia o fim da linha para Mansell. Parecia.
A Fórmula 1 já tinha um novo candidato a ídolo, Michael Schumacher. Tinha também um piloto bom das antigas, Gerhard Berger. Mas Bernie queria a qualquer custo a presença de Mansell, um ex-campeão e alguém que poderia alongar por mais alguns instantes aqueles bons dias dos anos 80. Assim, Mansell, apoiado por Bernie, teria mais uma chance na F1.
Porém, o retorno não ocorreria na Williams, que o dispensou no começo de Janeiro em favor do David Coulthard. Com as outras equipes de ponta já tendo fechado suas vagas, sobrava apenas uma equipe que podia dar um carro minimamente competitivo a ele: a McLaren. A equipe, que vinha de um 1994 precário, estrearia o motor Mercedes em seu (medonho) carro e vinha de mudanças estruturais. Porém, é bom dizer: Ron Dennis detestava Mansell. Essa foi uma inimizade histórica que perdurou por anos e que Dennis foi obrigado a engolir por exigência da Marlboro, que exigia um campeão mundial em sua equipe. Vale notar que nem a Mercedes queria Mansell: ela preferia ter um jovem piloto - Christian Fittipaldi. Mas acabou que a Marlboro venceu a disputa e Mansell correria pela McLaren em 1995 por 10 milhões de dólares (o acordo inicial de 15 milhões proposto por Mansell foi negado).

Acordo feito, e lá vai Mansell com seu asqueroso McLaren-Mercedes MP4/10 fazer seus primeiros testes em Estoril. Ele consegue fazer algumas voltas. Mas há algo errado. Bem errado. Ele não se sente nem um pouco confortável. Aos 41 anos e bem mais gordo, ele simplesmente não cabe direito no carro! Para uma corrida de 1h30, inaceitável.

Assim, o MP4/10 é levado de volta para a oficina para "pequenos reparos" no cockpit. Esses tais pequenos reparos custam a bagatela de US$ 500.000 e um enorme atraso no organograma da equipe. A mudança deu certo e Dennis ainda soltou um "dá pra colocar até ar-condicionado e toca-fitas nesse carro", mas até obter aprovação no crash-test e colocar na pista para fazer os ajustes básicos, não daria tempo para levá-lo para as corridas na América do Sul. Hakkinen, que também teve problemas com espaço, no entanto, poderia agüentar e correr no MP4/10 sem as modificações. Não era o caso de Mansell, que teve de ficar de fora das duas primeiras corridas, no Brasil e na Argentina. Seu substituto foi Mark Blundell.

O carro, além de feio, se mostrou realmente ruim nas duas primeiras etapas, o que retirava qualquer possibilidade de Mansell vir a conseguir um bom resultado em seu retorno, em Imola. De qualquer jeito, lá estava o inglês, que dessa vez cabia no carro. No primeiro treino livre no circuito italiano, o Leão ficou em 8º. Seu comentário: "existem dois tipos de carro: aqueles que, com ajustes mínimos, beiram à perfeição e aqueles que você sabe que irão dar muito trabalho. Nosso carro se adequa perfeitamente nessa segunda definição..."

No fim das contas, Mansell acabou largando em 9º e terminando em 10º, depois de largar mal e chegar até a andar nos pontos. Seu companheiro Hakkinen terminou em 5º. Tudo indicava que Nigel estava muito mais para um adorno de luxo do grid do que para um competidor de alto nível. Barcelona foi a próxima, e última, etapa.

O fim de semana espanhol já começou bem (mal), com Mansell ficando a 1,8s do tempo de Hakkinen no primeiro dia de treinos. No Sábado, Mansell se aproximou de Hakkinen, mas unicamente porque o finlandês teve um dia ruim, e os dois acabaram dividindo a 5ª fila. A corrida começou sensacional, com Mansell largando vigorosamente mal e brigando com o pessoal do pelotão do meio. Uma saída de pista melhora ainda mais a situação.

17ª volta. Mansell entra nos boxes, sem qualquer aviso. Os mecânicos da McLaren se aprontam, o nervosismo é grande, todos na equipe querem saber qual era o problema. Não havia problema, na verdade. Nigel embicou o carro nos boxes, desceu e sentenciou: "ISSO DAQUI É A MAIOR MERDA QUE EU JÁ DIRIGI! Nas curvas de alta e baixa, esse carro é simplesmente inguiável!"
Era tudo o que a McLaren e a Mercedes queriam como álibi. Na semana seguinte, Mansell foi demitido sem dó. Sua turbulenta aventura na McLaren durou apenas duas corridas e não rendeu frutos. A equipe chamou Mark Blundell para concluir a temporada. Quanto a Mansell, foi se divertir com golfe, seu esporte favorito. Ainda tentou fazer uns testes na Jordan em 1996, mas não passou disso. Ainda bem. O campeão Mansell não necessitava dessa passagem ridícula. Ele é a prova de que a aposentadoria deve vir sempre na hora certa.

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XXX
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Será que sou o único que gosta dessa Mclaren? Acho essas "asinhas" muito bonitas. Além do quê, elas me parecem um tipo de ancestral do Santo Antônio "Bigorna", atualmente, muito popular entre as equipes de F1.

XX

Por falar em Santo Antônio "Bigorna", a Red Bull, mais louca por atenção que todos os ex-partcipantes do Big Brother mais a Preta Gil e a Paris Hilton somados, poderia voltar com essas asisinhas... afinal "Red Bull te dá aaaasaaaaaas"...

X
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Não faltam críticos ao Leão, mas uma coisa todos tem que admitir, Mansell pilotou para as melhores equipes da sua época: Williams, Ferrari, Lótus, Mclaren, Newman Hass... em termos de monopostos só faltou a Penske.
Sem contar que não é qualquer office boy que consegue a chance de testar um carro da Lotus e impressionar nada mais, nada menos que Colin Chapman.


Fernando Ringel

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