quarta-feira, 16 de julho de 2008

Textos Clássicos do Verde (02): Parte 5

A Fórmula 3000 há 20 anos
Por Leandro Verde



Após Brands Hatch, tudo o que a Fórmula 3000 queria era paz. No entanto, nada disso aconteceu em Birmingham. Na primeira largada da corrida, David Hunt, ao bater com Langes, saiu capotando, quase atingiu o jornalista brasileiro Marcus Zamponi, e aterrissou de cabeça para baixo, com labaredas de fogo saindo do seu carro. Bandeira vermelha e mais um piloto levado ao hospital, sem maiores consequências. Na segunda largada, um episódio ridículo: Russell Spence (foto ao lado), ao rodar na Bromsgrove Street, deixou seu carro morrer no meio da curva. Um guincho desavisado simplesmente ergueu o carro da pista com o piloto dentro, gesticulando feito louco! No fim das contas, Spence foi devolvido ao chão, mas uma terceira largada teve de ser dada. E Moreno venceu com facilidade mais uma vez. Com 16 pontos de vantagem para Martini, o campeonato ia ficando fácil.

O TÍTULO DE MORENO

Em Le Mans, Olivier Grouillard (foto abaixo), recuperado do acidente de Brands Hatch, venceu com facilidade, com o surpreendente Donnelly em segundo e, veja só, Jean-Denis Deletraz (foto ao lado, com seu capacete "mezzo Mansell, mezzo Patrese, no carro n 4) em terceiro. No entanto, a festa era toda de Roberto Moreno, que com o 5º lugar, garantiu o título de campeão da F3000 com duas provas de antecedência. Pierluigi Martini, seu maior adversário, estava na F1, disputando a corrida de Estoril. Depois de um ano dificílimo, Moreno consagrou-se campeão em uma equipe falida. A mídia passou a aclamá-lo e a Ferrari lhe presenteou com uma vaga como piloto de testes.

No fim das contas, as duas últimas etapas nem foram tão importantes para Moreno (Grouillard venceu em Zolder e Donnelly venceu em Dijon). O brasileiro passou a concentrar seu trabalho na Ferrari e na busca por uma vaga decente na F1 em 1989. Infelizmente, ela só veio a aparecer na Coloni.

Vários dos pilotos que correram na F3000 em 1988 conseguiram subir para a F1, ou pelo menos correr alguma prova em 1989. Herbert, recuperado, pôde estrear na Benetton. Grouillard, o vice, foi para a Ligier. Pierluigi Martini garantiu-se como primeiro piloto da Minardi. Bertrand Gachot era da Onyx. Raphanel era da Coloni, ao lado de Moreno. Weidler estreou na Rial. Até mesmo o idiota do Foitek se encontrou na Eurobrun. Alguns pilotos disputaram parte da temporada, como Alesi (Tyrrell), Bernard (Lola), Bertaggia (Coloni) e Donnelly (Arrows).
Tudo isso sem contar nos coadjuvantes de luxo, Damon Hill (foto acima, em Zolder), Johnny Dumfries ( abaixo, também na pista belga), Mick Trackwell entre outros... nessa incrível temporada de 1988, cheia de disputas, polêmicas, acidentes e, sem dúvida, uma amostra de como deve ser uma categoria de base: disputada, equilibrada e que consiga mandar muitos pilotos para a F1.
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Tudo isso em apenas 11 corridas. Não é a toa que esta foi a melhor temporada da curta história da categoria.
Sinceramente, esperamos que a F2, revitalizada pela FIA, se aproxime, pelo menos um pouco, do que foi a F3000 em seus primeiros anos.
Claro desejamos menos ossos quebrados também, ehehe.

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Fernando Ringel

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