quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Carros que ainda vou dirigir (06): Audi RS4 2000

Imagine a cena: você está numa estrada, numa velocidade relativamente alta, quando um vulto ultrapassa seu carro sem que você consiga ver nada dele. Alguns quilômetros mais a frente (e isso se considerando que você tem um carro que anda - e muito! - bem!), você consegue ver a traseira desse carro, e então vê que era... uma perua.
Mas peraí, UMA PERUA?!
É meu caro, se foi uma perua, provavelmente você deve ter sido ultrapassado pela...


Audi RS4!

Para muitos ferraristas e amantes de outros supercarros por aí, ela não passa de uma Parati anabolizada, mas está longe de ser assim. Além de carregar o símbolo das quatro argolas, essa perua carrega o aval de ninguém menos que a Cosworth (sim, a responsável por tantas e tantas vitórias de tantas equipes e pilotos na F1!) em sua preparação. E se na aparência ela engana um pouco, parecendo uma pacata perua, ainda que da Audi, em pequenos detalhes ela revela sua índole animal: note que os pára-lamas dela são relativamente largos, e que os pára-choques têm entradas de ar nas laterais. Note também que ela possui pneus largos e de perfil baixo (medida 255/40) e rodas de aro de 18 polegadas. Só esses detalhes estéticos já denunciam uma boa parte do caráter dela. A principal diferença dela para um superesportivo "comum" é que ela, mesmo com um interior pra lá de esportivo, conta com "mimos" como ar-condicionado digital, disqueteria e um bom sistema de som. Além do fato de a carroceria de perua permitir transportar bastante carga e qualquer pessoa com conforto - e, no caso dela, em altas velocidades.

Mecanicamente, a união da Audi com a Cosworth resultou num carro que não faz feio frente a Ferrari nenhuma. O motor V6 2.7 da Audi S4 - que já rendia respeitáveis 265 cv - foi retrabalhado e ganhou dois turbos, gerando agora 380 cv e 44,9 kgfm de torque. Se isso já parece muito, ainda convém lembrar que ela estava no mesmo nível de muitos esportivos de sua época, como, só pra citar um exemplo, o Corvette Z06 da geração C5, de 2000, que tinha o mesmo valor de potência. A suspensão teve uma leve redução na altura, proporcionando assim maior estabilidade, juntamente com o conjunto pneus/rodas citado mais acima e o sistema de tração integral Quattro da Audi. Some-se a isso discos de freio maiores e uma calibragem esportiva nos freios. O resultado disso tudo é um modelo que voa baixo, mas que anda nos trilhos e frea primorosamente bem.

Numa linha do tempo, ela sucedeu a lendária Audi RS2, que ganhou a alcunha de perua mais rápida do mundo, chegando aos 100 km/h em 5,4 segundos e batendo os 262 km/h de velocidade máxima. O modelo 2000, segundo dados da Audi, faz o 0-100 km/h em 4,9 segundos e atinge 250 km/h, limitados eletronicamente. Porém a revista Quatro Rodas bateu os 264 km/h num teste em julho de 2001.
Vale lembrar que há uma RS4 mais nova, que consegue ser ainda mais potente (420 cv) que o modelo apresentado aqui, e que também foi totalmente preparada pela Audi, se valendo da experiência adquirida com as vitórias em Le Mans. Mas, a RS4 de 2000 é um modelo à parte, mais nostálgico (ao menos pra mim). Os mais antigos dirão que a RS2 era mais esportiva e bruta, e os mais novos dirão que a RS4 mais recente tem uma performance superior. Mas, pra mim, a B5 (assim é chamada entre entusiastas da marca das quatro argolas, sendo a mais nova chamada de B7) é a mais memorável. Não só pela união com a Cosworth, mas também pela nostalgia que ela me traz, pois foi um dos primeiros supercarros que li mais informações e conheci melhor. Comparo essa perua com o disco "Californication", do Red Hot Chilli Peppers. Não só por ter sido um disco que me fez gostar da banda no mesmo tempo que comecei a gostar de carros, mas também pelo fato de ser um disco "intermediário", que muitos não consideram melhor que o anterior (Bloodsugarsexmagik), nem que o posterior (By the Way), mas que pra mim ainda é o melhor.



Comparada com os outros modelos já apresentados na série "carros que ainda vou dirigir" a RS4 é o modelo menos potente, mas fica longe de ser desmerecida por isso. Além de ser a única perua a entrar nessa lista até hoje, é o modelo "mais acessível", uma vez que os 250.000 reais cobrados por uma em 2001 já caíram bem, sem contar que ostentar o logo da Audi na frente sempre é sinônimo de desempenho com conforto. Com toda certeza o mais diferente exemplar da série "Carros que ainda vou dirigir"!

Um comentário:

. disse...

Mais um texto com o "Padrão Pedro Ivo de Qualidade". Texto com cara de 4Rodas, hein????

Pô, mesmo eu que nunca liguei para os carros de passeio, estou sendo "convertido" por esses textos do Pedro.

Inclusive, via MSN, a gente tem conversado sobre outros carros que ainda vão aparecer nessa série do VEL MAX. Pessoal, só tenho uma palavra para definir: "KARAIIIIII".

Ah, vc tbm pode mandar o seu texto para a gente, viu?
É só mandar um e-mail para feringel@yahoo.com.br

Um abraço,
Fernando Ringel