quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A grande verdade sobre o controle de tração

No dia 31 de março de 2007, a FIA determinou que a partir desse ano de 2008, o controle de tração estará proibido. Muitos vibraram; Alegam que assim os pilotos irão errar mais, as largadas serão mais legais, que haverão mais diferenças entre os pilotos, e outras coisas.

O automobilismo em si existe desde 1906. Desde essa época, vimos pilotos mágicos, como Nuvolari, Rosemeyer, Fangio, Clark, Stewart, Lauda, Piquet, Senna, Prost e Schumacher. Todos aliavam uma técnica magistral a uma capacidade incrível; uns em quantidade menor, outros em quantidade maior. O controle de tração entrou na F1 em 1992. Desses pilotos citados, apenas 3 correram com o famoso TC.

Como muitos sabem o que é o TC, não farei uma longe explicação. É um mecanismo eletrônico que monitora constantemente as rodas traseiras, e em caso de risco de patinagem, o TC diminui a injeção de combustível do motor para que os carros tracionem o máximo que podem sem patinar. Com isso, a capacidade de muitos pilotos de dosarem o acelerador sumiu; é pisar fundo, sem problemas.

De 1906 a 1992, milhares de pilotos disputaram corridas. Muitos com carros super potentes, com mais de 600 cv, como nos anos 30 e 40, e mais tarde, já nos anos 60, com o surgimento dos grandes motores, até 800 cv. A F1 surgiu em 1950 e ficou 42 anos sem qualquer dispositivo do tipo. Nos anos 80, existiam motores turbo com até 1500 cv de potência em versão de treino, com pouca eletrônica. Nesse período de quase 90 anos, ninguém via os pilotos acelerando demais em toda curva. E não existiam diferenciais viscosos, pneus ultra-aderentes nem coisas do tipo.

A diferença entre um grande piloto e um piloto ruim é entre outras coisas a capacidade de saber dosar o pé em saídas de curva. Pilotos como Senna e Prost eram mestres nisso. Um grande piloto consegue acelerar o máximo que o carro pode sem sair rodando. Pilotos piores aceleram menos. Essa é a vantagem do controle de tração: Nivelar um dos grandes diferenciais entre os pilotos. Em 2008, não veremos os pilotos rodando em toda curva, nem veremos borracha queimada o tempo todo. Os F1 atuais têm cerca de 750 cavalos. Em 1986, um F1 facilmente batia em 1000 cavalos e ninguém via os pilotos torrarem pneus. Devemos lembrar que os pilotos de F1 demoram em média 8 anos desde o início do kart até chegar a F1. Nas categorias inferiores, eles não usam controle de tração. Um carro da GP2 é bem mais difícil de guiar que um carro da F1, tem cerca de 600 cavalos, perto da F1, e um nível de pilotos pior. E não vemos ninguém rodar toda curva. Os pilotos não compram superlicença; Se a FIA dá para algum piloto, é porque ele tem capacidade para pilotar um F1.

O que pode acontecer é que alguns pilotos bons que tem carros piores podem se destacar, já que poderão fazer sua capacidade se sobressair contra pilotos piores em carros melhores. Além disso, aquele que menos patinar pode economizar seus pneus traseiros. Os pilotos da frente continuarão na frente, os bons com carros ruins podem conseguir algo melhor.

Para finalizar: A grande diferença com a ausência do TC é que a diferença entre um piloto bom e um ruim vai aumentar. E que um piloto bom com carro ruim pode conseguir resultados melhores. A largada pode ter pneus queimados; Mas não teremos toda curva pneus torrados.

By: Rodrigo Klango

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