segunda-feira, 13 de abril de 2009
Separados no Nascimento (24): BT 55 X MP4/4 X JS31
__Incentivado pelo amigo Pedro Ivo, resolvi, finalmente, fazer um SEPARADOS NO NASCIMENTO tão obscuro quanto clássico.
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Em 1986, Gordon Murray sacudiu a F1 com um chassis muito diferente dos padrões dos anos 80 (leia-se carros grandes e feiosos = Toleman).
O projeto era tão diferente (o ponto mais alto do carro ficava a pouco mais de 1 metro de altura!) que até os pilotos da equipe, De Angelis e Patrese, demoraram a se adaptar a nova posição do cockpit, quase deitado... coisa que se tornou regra na F1 dos anos 90 e que é amplamente usado até hoje.
Apesar da beleza e da comprovada eficiência em reta, a BT 55 era um cavalo selvagem que se recusava a fazer curvas. Além disso, o tremendo motor BMW não se entendia com o chassis e a caixa de câmbio.
Resumindo esse carro era praticamente um Dragster, um belo e frágil Dragster...
Além de não se entender com o motor, o chassis não se "encaixava" também com com a dupla da equipe. Patrese e De Angelis tinham um estilo calmo demais para um carro tão nervoso. Pessoalmente, apesar de não ser um fã de Gilles Villeneuve, gostaria de ver o canadense pilotando a BT 55. ( Quem sabe um piloto mais agressivo tivesse domado essa fera?)
Simplificando, além da morte de Elio De Angelis, treinando exaustivamente para melhorar o carro, a BT 55 foi a cruz da Brabham. À partir de 86, Bernie Ecclestone se desiludiu com o prejuízo causado pelo projeto e a tradicionalíssimo equipe foi vendida... passando de mão em mão até abandonar a F1 em 1992.
O estranho é que o conceito skate usado na Brabham foi um sucesso na Mclaren dois anos mais tarde. O mesmo Gordon Murray, de emprego novo, revisou o projeto e produziu o Mclaren "Bicho Papão" MP4/4, carro que venceu 15 das 16 corridas de 1988 e deu o primeiro título mundial à Ayrton Senna.
Mais curioso ainda é que, também em 1988, a Ligier, outra equipe tradicional na F1, produziu um "primo" do Brabham BT55. Se o conceito skate deu mais do que certo na Mclaren, o Ligier JS31 mandou a equipe francesa para a pré qualificação... e custou o emprego do projetista Michel Tetu. Assim como no Brabham BT 55 ( a ovelha "alve negra" dessa família), a beleza era única coisa boa do Ligier JS31.
Definitivamente, "A Família Skate", é um exemplar da nossa série SEPARADOS NO NASCIMENTO, mas assim como explicam a Psicologia e a Biologogia, gêmeos idênticos podem até ter a mesma impressão digital, o DNA muito parecido, mas cada um tem sua própria personalidade.
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Um abraço,
Fernando Ringel
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4 comentários:
Estes low-lines eram bem estranhos.
Muito legal o post. Alguém já havia me dito do "parentesco" das "pranchas" (acho que foi o "purtguêxs"). Genialidade do tio Murray em acertar a mão no MP4/4, tendo a humildade e colhões de revisar um projeto dado como engavetado, concebendo a máquina papa-tudo de 1988. Aliás, a McLaren só não ganhou todas porque o Hondão do francês explodiu em Monza e Senna fez uma das suas m... ao forçar uma ultrapassagem em cima de Jo Schlesser, retardatário, a apenas 2 voltas do fim. Resultando em uma dobradinha Rossa, de Berger e Alboreto, para delírio dos tiffosi presentes.
Rianov,
antes de tudo, parabéns pelo Motórpassion.
Quanto aos "low line", eu sou viciado nesses carros. Tirando o Mclaren, acho sensacionais. O BT 55, então, lindo demais.
Ernesto,
vc e seus comentários estilosos, hein?
Ehehe, vou adicionar o seu (ótimo) blog à minha lista de blogs recomendados.
Um abraço,
Fernando Ringel
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