quinta-feira, 16 de setembro de 2010

F1: notas sobre o GP

Nota para a corrida: 7,5

+ Olhe bem para a imagem acima. Embora faça sentido, não é exatamente porque Monza tem um (inativo) traçado oval que vou escrever as linhas abaixo. Monza (mesmo em seu traçado misto, com ou sem chicanes) é o mais próximo que uma pista de F1 chegou do que são os ovais americanos. Talvez por isso não seja um dos meus preferidos embora eu entenda seu valor histórico e por que não dizer, entendo seu valor emocional para a categoria.

Assim como toda pista de alta (altíssima?) velocidade, trata-se de uma corrida onde os menores não tem como se defender, onde (salvo algum fato inesperado) apenas o melhor carro vence, sem falar que... em caso de acidente, o negócio é rezar pq não há safer barrier ou Hans Device que te salve da força G brutal que seus órgãos sofrem na desaceleração provocada por impactos em torno dos 300 km/h (velocidade que os pilotos atingem consideravelmente antes do final das retas italianas).

No mais, corridas em circuitos de alta velocidade também não costumam ser muito emocionantes para mim porque os mais rápidos passam sem dificuldades e disparam.

Sem querer ser nostálgico, mas... antigamente quando todas as equipes sofriam com quebras, (e não apenas Lotus e Hispania) ainda existia um algum suspense. O líder sempre poderia abandonar no final (Senna em 89 ou as Williams em 92 por exemplo). Hoje porém... só mesmo um Vettel ou um Hamilton para jogar tudo fora por nada.

+ Outro ponto peculiar dos GPs da Itália disputados em Monza, é o fato da corrida ser encarada (nas arquibancadas) como se fosse um grande clássico do futebol, onde a torcida do Corinthians ou do Flamengo vai torcer "até a morte" pelo seu time.

A maneira como os Tifosi comemoram as ultrapassagens da Scuderia como se fossem gols, as buzinas de gás que mais parecem vuvuzelas, a invasão de campo (ops, pista) e por que não dizer, o tom alegre do hino italiano somado ao vermelho tipicamente Ferrari, tudo isso tem muito mais cheiro cerveja em estádio que aquela coisa britânica da F1.

Qualquer dia a Ferrari vai acabar disputando a Superleague Formula junto com o "Todo Poderoso Timão" (rsrs).

+ Só para fechar o assunto, sabe como se fala Gaviões da Fiel em italiano? REPOSTA: TIFOSI

Eu como torcedor das Lotus da vida e da Mclaren, pergunto à você que não é corinthiano: é difícil aguentar os corinthianos, náo é???

+ Apesar do que disse acima, não sou contra a Ferrari. Ah e também não estou falando isso por causa do julgamento sobre o Hockenheim e blá, blá, blá. Isso tava na cara. Como disse meu amigo Wellington Lucas, "Julgamento do Sítio do Quebra Pau Maranello". Fiquei de fazer algo para isso, mas... por falta de tempo ficamos na apenas na intenção.

Voltando ao julgamento, a Ferrari é a Ferrari. SImples assim. Na Indy os pilotos da Ganassi e da Penske historicamente também costumam receber punições mais brandas. Money talks, pessoal.

+ Sobre a corrida, como não choveu e os pilotos ainda sofrem muito por não poderem andar colados nos carros da frente, foi bom. Sem muitas ultrapassagens, mas cheia de alternativas.

+ Que é chato ver o Doctor Button correr, isso todo mundo sabe, mas ele é fodástico (isso só eu e a mãe dele aparentemente percebemos). Talvez a calma seja o maior trunfo de Jenson. Impressionante a calma do inglês, dirigindo em 90% do GP como se não tivesse se estivesse sozinho na pista.

+ Sem desmerecer a pilotagem maliciosa a lá Nelson Piquet do Alonso, mas andar atrás, pressionando é emocionalmente mais fácil. Você tem na sua frente uma referência visual, só olha para frente, seu foco é mais nítido.

Para quem vai na frente, aí o negócio complica. Quem dirige sabe o quanto é chato quando alguém cola na sua traseira. Você tem que fazer a habitual aeróbica que o carro exige para andar (embreagem, marcha, aceleração, freio, embreagem, marcha, seta, etc) prestando atenção no que está acontecendo na rua (pista) olhando constantemente para os retrovisores por causa do cara chato que está colado em você.

Isso a mais de 300 km/h por hora, sob um calor de quase 60 graus, trepidando dentro do carro, sendo espremido pra lá e pra cá no cockpit pela força G... deve ser muuuuuuuuuuuito mais difícil. Ainda mais se o acerto do seu chassis exige que você dê tudo nas curvas, como Jenson fez.

RESUMINDO: Doctor Button não teve um momento de descanso em Monza. Arriscou tudo para continuar na briga pelo campeonato e saiu premiado com mais um pódio. O cara é ou não é digno de ser comparado ao Prost?

+ Apenas para exemplificar, abaixo um curioso upgrade "inaugurado" nos video games no clássico Nigel Mansell's World Championship (Super Nintendo).

No jogo, você tinha a opção de ter uma aulinha com o próprio Mansell em cada um dos circuitos. No caso, ele ia na sua frente lhe indicando as velocidade médias de cada curva e o melhor traçado para contorná-las.

OBS: apesar de saber que era impossível, confesso que bati muito tentando passar ele, rsrsrs



+ A visão do Alonso nesse GP de Monza foi essa: um carro na sua frente a corrida inteira, como se fosse um jogador de Super Monaco GP tentando de tudo para tentar (em vão) passar o mito G. Ceara.

Convenhamos, se você é minimamente racional, é muito mais difícil ser o piloto da frente. (Por isso G. Ceara é mito, kkk)

+ As insistentes saídas de pista do Hulkemberg se devem muito a essa sensação de estar prestes a ser abocanhado pelo leão. Com um motor Cosworth, em uma pista de alta, o alemão foi muito bem. No fim das contas, quando se está dentro de um F1, é mais que normal o cara errar algumas freadas (ainda mais) quando tem que guiar olhando mais para os retrovisores que para frente.

+ Nas demais... nada demais (meu humor está meio Mister Bean hoje, eu sei já estive mais inspirado). Sei lá, sobre as Toro Rosso, Buemi quase conseguiu um ponto. Na Sauber, nada.
Force India, nada e por aí foi.

+ Nico foi bem de novo, Kubica na de sempre, Schumacher também, etc, etc.

+ Barrichello foi outro que ficou no normal. Aliás, Schummy e Barrica demonstram claramente o quanto era cruel o sistema antigo de pontuação apenas entre os 6 primeiros. Se estivessemos nos anos 90, ninguém estaria aplaudindo (tanto) o Barrica e talvez o Schummy tivesse até sido substituído.

+ Apesar de ter discaracterizado um bocado a F1, o novo sistema de pontuação é mais justo.

+ No mais, Massa segue raçudo, mas longe da briga pelo título. Por mais que ele se esforce, não dá para negar o acidente sofrido ano passado na Hungria. Trauma é trauma e por mais que uma ferida não doa mais, a cicatriz (por vezes) persiste.

Isso não é culpa do Felipe, faz parte do comportamento humano. Ano passado, não sei se o Alonso seria mais rápido que o Massa, mas em 2010 até mesmo o maior fã do brasileiro (no fundo) sabe: Alonso tem sido (um pouquinho) melhor. Um pouquinho, mas o necessário para ser considerado primeiro piloto da Scuderia, convenhamos.

+ Para falar do Hamilton tenho que começar na quinta passada. Calma, já explico. Meu amigo Jorge Pezzolo fez um post/prévia para o GP da Itália desenterrando de sua videoteca os compactos do Gps de Monza disputados em 93 e 96. O de 93 é clássico por ser o único pódio do Michael Andretti na F1 (além de sua última corrida na categoria). Não sei exatamente o motivo, mas curto demais qualquer história sobre o Andrettinho e a Mclaren.

Dito isso, chegamos ao ponto: o segundo video mostrava a prova de 96. Dessa corrida não lembrava nada além da vitória do Schummy. Meio sem vontade apertei o play e... o ALESI (em mais uma daquelas largadas dragster a lá Gilles Villeneuve) antes da primeira curva já estava em primeiro! Irrá! Empolgado continuei assistindo como se a corrida fosse ao vivo. Pior para mim porque logo após a segunda chicane (enquanto eu pensava "o Alesi é fod#"), aquela anta francesa errou sozinho a primeira curva de lesmo e perdeu a primeira posição. PRONTO. Meio p da vida fechei a página.

O que o Hamilton tem com isso? Bom, digo que Webber está bem na fita quanto ao título porque ele não complica as coisas para si e, principalmente, porque antes de vencer os outros, Hamilton luta contra ele mesmo.

+ Quando o inglês tentou aquela "ultrapassagem de fliperama antigo" (onde os carros passavam uns por dentro dos outros, lembra?) fiquei com a mesma sensação que tive ao ver o video do Alesi.

+ No mais, outro que luta contra si, Vettel, foi genial! Construindo a fama de especialista em Monza, Sebastian fez mágica! Ah, a estratégia foi algo entre o maluco e o genial.

+ Tão veloz quanto estabanado (assim como era o Alesi), pena o obscuro do francês sobrassair tanto na pilotagem do alemãozinho.

+ Por essas e outras, ainda acredito no bi do Doctor Button, sem falar em um lado meu que diz sem parar: Go Webber!

OBS: desculpem pela demora na postagem. Na verdade, desde a noite de segunda faltava apenas esse último trecho sobre o o do Alesi (vc acha que eu ia perder a oportunidade de citar o Alesi????)

O blog passará por algumas mudanças entre setembro e outubro. Nos próximos dias explico melhor a história. Aliás, história mesmo, VEL MAX em livro para ser mais preciso.
Assim que der, conto para vocês.


Um abraço,
Fernando Ringel
feringel@yahoo.com.br
@FernandoRingel ("Sigam-me os bons", kkk)

Um comentário:

Fábio disse...

E aí Fernando.
Pô, cara, tenho que concordar com vc, que o Hamilton geralmente faz umas papagaiadas sozinho (fez escola, vide Vettel, hehe). Mas ele tem melhorado muito. E em relação a Monza, em 2008, na chuva, ele (Lewis) fez uma baita corrida, largando lá de trás.
Tem um vídeo no youtube com as ultrapassagens dele na prova, mas é bloqueado aqui no trampo.
Abraço
Fabio