A F1... pelo amor de Deus!!! Estou assistindo porque me habituei. Há anos a gente depende de São Pedro para uma corrida ser boa. Para mim isso não faz muito importância porque o que me atrai no automobilismo, em especial na F1, é o design dos carros, as idéias inovadoras, muita gente inteligente trabalhando junto. O título mundial é apenas um incentivo para um trabalho que as equipes prestam a todos nós que usamos carros para nos locomover.
A F1 não é exatamente automobilismo, desde que as montadoras "compraram" a categoria. Para mim, a F1 ficou muito"metrosexual". Uma categoria em que só existe emoção na largada e nas paradas de boxes, está muito mais para jogo de xadrez... ou pelo menos a F1 está tão emocionante quanto assistir ao campeonato mundial de Jogo de Xadrez.
Mesmo assim os "serviços a Humanidade" continuam sendo realizados. Pode ter certeza de que daqui a uns anos teremos Hans Device no bancos dos carros de rua por causa dessa “F1 chata”. Porém, na minha opinião, não vale a pena ter corridas emocionates e que para isso, em média, dois pilotos morram durante a temporada, como acontecia nos anos 70.
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Bandeira quadriculada ou tabuleiro de xadrez?
O problema da F1 atual, na minha opinião, é o excesso de aerodinâmica. Em Barcelona, com um retão daqueles, a gente viu o Heidfeld, de BMW, tendo que pôr os "bofes para fora" para ultrapassar o Fisichella? Onde já se viu não poder fazer a curva colado no carro da frente? Como vai ter ultrapassagem assim?
Arrisco dizer que se colocassem os carros de F1 em um circuito oval não ia ter ultrapassagem nenhuma. Carro de F1, atualmente, é feito para não poder fazer curva no vácuo do carro da frente.
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E aí chegamos a outra pergunta: existe automobilismo sem ultrapassem?
Eu, e você que está lendo essa coluna, gostamos de ver ultrapassagens, rodadas, lances espertos... gostamos de CORRIDA, AUTOMOBILISMO. O Kasparov é quem gosta de xadrez!
E digo mais, a F1 vem sendo descaracterizada ano após ano. Seu Bernie Ecclestone deveria coçar a peruca e seu Max Mosley deveria "mexer o seu traseiro branco e gordo" e fazer alguma coisa. Volta e meia alguém fala sobre a criação de uma categoria paralela a F1. Essa categoria seria a das equipes e a F1 seria somente das montadoras.
Se um dia isso acontecer, voltaria a existir automobilismo, e provavelmente, a F1 seguiria o caminho percorrido pela Cart / Champ Car... porque a maioria dos telespectadores gosta mesmo e de corrida de carros, não exatamente da F1.
Muita gente gostava do Senna, assistia as corridas e depois do dia 1 de maio de 1994 nunca mais levantou para ver a Globo nos domingos de manhã.
A F1 está sofrendo de uma doença silenciosa chamada MONOTONIA. Não sou só eu que sou chato que assiste toda a temporada reclamando. Muita gente não está muito "feliz" em assistir corridas sem ultrapassagens.
Do jeito que a F1 está, até a Mãe Diná acerta o resultados das corridas...
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Enquanto escrevi a coluna, na comunidade F1 Brasil, a discussão sobre “O que é mais chato – Fórmula 1 ou Fórmula Indy?” segue. Direto de Natal, capital do Rio Grande do Norte, o Rodrigo Lavino fez um comentário me chamou a atenção:
"Segurança tem que estar principalmente no carro, não exatamente nas pistas“
Perfeito. Não é simplesmente essa a solução, mas já é um começo. Deveria existir um teto para os investimentos, coisa que efetivamente é impossível de ser colocada em prática. Para a gente que assiste a corrida da TV não interessa se um pega é disputado de maneira sensacional a 70 km/h ou 400 km/h. Pega é pega, ultrapassagem por fora é ultrapassagem por fora.
Menos velocidade significaria um pouco mais de segurança, menos necessidade de aerodinâmica e diminuição dos custos. Já que os motores funcionariam em uma rotação menor, com menos potência, teriam que durar 3 corridas, por exemplo.
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Só para ilustrar melhor essa idéia, há algum tempo tenho vontade de ver os pilotos da F1 disputando corridas de kart. Volta e meia, algum deles diz que apenas o kart chega perto do que é pilotar um carro de F1... só que uma corrida de kart é infinitamente mais barata, e se o Schumacher não estiver na pista, infinitamente mais emocionante.
Garanto que nos espantaríamos com a performances de alguns “Nakajimas” da vida. Essa seria uma corrida anual, seria uma festa, e comprovaria que, mesmo em relacão aos pilotos pagantes, só chega a F1 quem dirige muito acima da média.
Comprovaria também que para ser emocionante o carro não precisa custar milhoes de euros, nem atingir 100 km/h em 2 segundos.
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E parece que não sou só eu “e mais uns gatos pingados por aí” que estamos achando a F1 monótona. Semana passada o piloto da BMW Robert Kubica, terceiro colocado no campeonato, disse que se sentiria mais feliz se fosse piloto de F1 há 30 anos atrás. Detalhe: Kimi Raikkonen, campeão de 2007, disse a mesma coisa ano passado.
Isso significa quê: ou Kubica vai ser campeão esse ano ou a F1 não esta muito empolgante nem para os pilotos que tem chances de vencer corridas.
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RESUMINDO: Não sei o motivo, mas sempre gostei da F truck e a Stock tem seus bons momentos... mais freqüentes que a F1.
No fim das contas, a F1 continua muito boa, mas é que a categoria teve época muuuuuito melhores.
É que a gente está vivendo a crise do processo de "Hungarização", uma "Magny Courização" das pistas e consequentemente da categoria.
Mesmo assim mas quando chove a gente percebe que a F1 que todo mundo aprendeu a gostar ainda está lá por baixo dessa armadura de Robocop que vestiram os carros.
Já a Indy, é que nem futebol de salão. Quem gosta ama e ponto final.
Na minha opinião, isso que se fala que a F1 está perdendo é que a categoria está ficando cada vez mais distante do kart, que é, fundamentalmente, aquilo que todos gostamos nas corridas.
Fernando Ringel
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