Que a Fórmula 1 é um misto de velocidade, emoção, e perigo, todo mundo sabe - na verdade chega até a ser um lugar-comum falar isso, ainda que não tenha havido tanta emoção assim nessa temporada. O próprio Graham Hill definiu a F1 uma vez como "fumar um charuto havana dentro de uma banheira repleta de gasolina", e essa provavelmente foi uma das frases mais corretas até hoje sobre a categoria.
Muitos pilotos passam a carreira toda sem acidente grave algum, ou no máximo com uma ou outra pancada que não deixa sequelas. Já outros saem da F1 marcados pra sempre, no bom e no mau sentido. Felipe Massa, como todo mundo deve estar sabendo, sofreu um acidente causado por uma mola solta do carro á sua frente, que o atingiu pouco acima do olho. Mas o foco aqui não é falar do acidente ou daquilo que veio posteriormente a ele, e sim sobre volta por cima.
Uma célebre frase de Alberto Ascari, que diz que "a melhor maneira de se recuperar de um acidente é entrar o mais rápido novamente dentro de um carro de corrida", e se há dois pilotos que fazem jus mesmo a essa frase - e, espero, sirvam de grande exemplo e motivação para o Massa em seu retorno às pistas (e a torcida de muita gente é grande para que ele retorne) - são Niki Lauda e Mika Hakkinen.
Lauda, no GP da Alemanha de 76, disputado no inferno verde de Nürburgring Nordschleife, sofreu um acidente no qual sua Ferrari pegou fogo. O piloto ainda conseguiu ser retirado do carro com vida, mas com um percentual grande de seu corpo queimado. Foi submetido a infindáveis cirurgias plásticas, na tentativa de deixá-lo sem sequelas (quaisquer viessem a ser) do acidente. E a descrença em sua volta - à vida e às pistas - era tão grande que chamaram um padre para lhe dar extrema-unção, padre esse que ele expulsou no melhor estilo Nélson Piquet, dizendo "Preciso de médico, e não de padre!". As sequelas físicas, de fato, não foram tão grandes, mas Lauda ficou desfigurado, sendo chamado ironicamente pelos tifosi de "Il nostro Frankenstein".
Porém, foi após isso que em menos de 60 dias Lauda retornou ás pistas,conseguiu um quarto lugar em seu retorno e só perdeu o campeonato daquele ano por um ponto para James Hunt na última corrida, no GP do Japão, por medo confesso de correr sob um dilúvio e se acidentar novamente (e ainda assim deu o título de construtores à escuderia do cavalinho rampante naquela temporada!). A torcida ferrarista não o perdoou, queriam ver novamente o piloto que desafiou a morte e em tão pouco tempo retornou ao combate. Mas ninguém esperava que no ano seguinte o austríaco vencesse três corridas e levasse o título, e ainda mais que, após sua saída em 1979, retornasse três anos depois, pela McLaren e fosse novamente campeão, em 1984 - com o monstro de motor TAG-Porsche Turbo - por meio ponto, em cima de ninguém menos que Alain Prost, seu companheiro de equipe e, pasme, favorito ao título naquela temporada. O austríaco, naquele 1984, conseguiu seu tricampeonato, e definitivamente marcou a história não só como um dos melhores pilotos de toda a F1 - recebendo o justificado apelido de "piloto-computador" - mas também como um dos que mais foram marcados por ela.
Já Mika Hakkinen, quando partia para os treinos do GP da Austrália de 1995, tocou com seu McLaren numa saliência na pista e decolou. O impacto foi pesado e o "saldo" pior ainda: língua quase decepada, arcada dentária e base craniana fraturadas e sangue infiltrado nos pulmões. Hakkinen recebeu todo tipo de tratamento médico para poder retornar, de sessões de fisioterapia e exercícios de coordenação motora e reflexos visuais a atendimento psicológico . E o finlandês ditou em sua biografia "quando acordei e descobri que não tinha morrido, resolvi viver. E viver era voltar a pilotar". Hakkinen levou essa frase a sério e em 1998, em plena ascendência da era Schumacher, ganhou o título com o foguete prateado e preto projetado por Adrian Newey, que, em 1999 repetiria a dose no último GP, o do Japão, em cima do irlandês Eddie Irvine, para tristeza (repetida) dos ferraristas. Hakkinen se tornou o melhor piloto finlandês (junto com Kimi Raikkonen) na categoria, desde Keke Rosberg, e até hoje é o único finlandês bicampeão na F1. E vale lembrar que quase todos esses resultados foram conquistados após ele superar a morte.
Assim esperamos ver Massa o mais rápido possível: correndo e vencendo!
Felipe Massa, é verdade, ainda se recupera desse acidente. Tem se superado na recuperação, deixando os médicos otimistas. E ficam aqui nesse post os votos de melhora a ele, e a lembrança de dois grandes pilotos que não só driblaram a morte como retornaram às corridas com toda sede de vitórias e se firmaram como grandes campeões após isso. Massa tem mostrado nessa temporada que pode sim arrancar algum desempenho de um carro que começa a apresentar relampejos de melhora somente agora, e que faz sim jus à sua vaga na Ferrari. Seus títulos anteriores à F1, como dois campeonatos de F-Renault conquistados num mesmo final de semana, o título da F3000 com sobras e os bons préstimos fez à Sauber, além do seu desempenho em 2008 que quase valeu o título, provam isso.
E nós aqui do VEL MAX torcemos para que ele retorne logo às pistas, e com toda a sede de vitórias que Lauda e Hakkinen tiveram em seu retorno à vida!
5 comentários:
Mta força pro Felipe, e que ele realmente vole logo a dar xou nas pistas pelo mundo afora =).
mto bacana o texto Pedro, parabéns.
Muito me emociona aquela cena do duelo emotivo da vitória em casa com a perda de um desejo, no GP do Brazil. Acredito e aposto alto que o Massa tem muito o que mostrar ainda! Até errando ele faz bem feito! Teve uma corrida que chuveu e ele rodou mais de umas cinco vezes e não desitiu. Muito maduro da parte dele aprender a aprender. O Felipe é um grande piloto! Não por esse acidente que, de fato, alavancou o nome na mídia, mas, por tudo o que fez e o que fará. Sou dez elevado a sexta potência o F.Massa do que o L.Hamilton.
Mais uma vez, temos a honra de ler um artigo de muita competência desenvolvido pelo Pedro Ivo. Parabéns garoto. Um abraço de um amigo fã.
PS: E fé aos passos do nosso brasileiro na Ferrari.
ta sumido hiem cara ! caramba !
oiaa...
fica postando no blog e n me avisa né?? hum...
tudo bem..
é como diria Nikos 'Felipe virou massa" num trocadilho no mínimo infeliz q o grego insiste em falar...
mas voltando ao post, gostei Pedro, fiquei sabendo da vida de uns caras da F1 (q como n gosto e n acompanho) nem sei quem são e de peças e carros q tb n conheço
=]
uhauah
gostei, realmente gostei...
devo passar por aqui mais vezes
bjo
É isso aí meu amigo Pedro Ivo,
é para isso que o VEL MAX foi criado.
Não estamos interessados em mostrar sangue. Aqui no VEL MAX nos esforçamos para mostrar o lado humano do automobilismo, coisa que raremente vc vai encontrar em algum outro, mesmo na internet.
Pode ser que nem sempre nós sejamos tão engraçado quanto desejamos, mas a gente se esforça para te divertir, afinal, a vida já é tão fela, né?
Se vc escreve, gosta do blog, quer escrever, é só mandar seu texto para feringel@yahoo.com.br
Parabéns ao Pedro por mais um texto "com o padrão Pedro Ivo de qualidade" e um abraço à todos vcs.
Fernando Ringel
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