Villeneuve (esquerda) e Hamilton (direita): Estréias meteoricamente iguais, apesar de mais de 10 anos de diferença entre elas
Por Pedro Ivo
Este texto aqui ficou engavetado durante um tempão. Eu tinha a idéia de fazê-lo ainda na pré-temporada ou logo após a primeira corrida de 2009, mas outros assuntos (pessoais e do blog) foram adiando ele. Aí a vitória de Lewis Hamilton no GP da Hungria - um tanto quanto ofuscada por incidentes durante a corrida, como o acidente de Felipe Massa, e fatos posteriores, como a saída da BMW e a volta de Michael Schumacher para substituir Massa - me pareceu uma boa oportunidade para fazer esse post.
O piloto canadense e a jovem revelação inglesa tiveram, cada um ao seu tempo, as estréias mais meteóricas da categoria. Ambos chegaram como badalados segundos pilotos nas escuderias que disputavam (Williams em 1996 e McLaren em 2007) e ambas escuderias eram tidas como as melhores em seus tempos. A Williams continuava mt competitiva, mesmo sem ter títulos há duas temporadas, e a McLaren prometeu entrar em 2007 arrasando tudo, mesmo com um jejum de nove anos de títulos de pilotos.
Além desses fatores, ambos tinham companheiros de equipe bem mais experientes. Villeneuve veio dos Estados Unidos (ou seja, da Fórmula Indy) e tinha Damon Hill como adversário, que já tinha bastante experiência, e naquele mesmo ano se tornaria campeão. Já Hamilton entrou em 2007, oriundo da GP2, tendo na mesma equipe um bicampeão mundial (Alonso) que saiu da equipe que estava a peso de ouro para correr no time de Ron Dennis. Ambos também conseguiram pódios na corrida de estréia e demoraram menos de dez corridas para conseguirem a primeira vitória. Mas, no aspecto estréia em si, Hamilton talvez tenha até superado Villeneuve, pois só perdeu o título de 2007 por um ponto (Villeneuve perdeu por 15 pontos em 1996). De toda maneira, tanto um quanto o outro impuseram um ritmo forte de corrida logo na primeira temporada.
Logo no ano seguinte os dois foram campeões. Coincidentemente ambos em cima de uma Ferrari, com Schumacher em 1997 e Felipe Massa em 2008. E os históricos continuam a se confundir na terceira temporada de cada um...
Em 1998 a Williams caiu vertiginosamente, e em 2009 a McLaren passou a ser coadjuvante, frente a equipes como RBR e Brawn. O time de Woking, no entanto, parece ter achado novamente o caminho das vitórias, visto que Hamilton levou essa etapa da Hungria. Porém, resta saber se foi um relampejo ou se há uma melhora de verdade.
As diferenças podem surgir a partir da próxima temporada. Vale lembrar que Villeneuve em 99 partiu para a BAR, numa empreitada que gastou rios de dinheiro (e lhe rendeu mais alguns) e só rendeu resultados cinco anos depois, ironicamente com sua demissão da escuderia. E Hamilton agora corre pra provar que não é um novo Jacques Villeneuve. Começou bem, pois já venceu uma enquanto tudo que Villeneuve conseguiu até sair da F1 foram mais alguns pódios e o nada gratificante apelido de "chicane ambulante".
Essa temporada pode representar o ponto de virada na carreira de Hamilton. Ainda que ele tenha grande preferência na McLaren e seja invariavelmente o primeiro piloto por sabe-se lá quanto tempo, é bom lembrar que nenhum piloto, por mais simpatia que tenha dentro da equipe, dura sem obter resultados. E é desses resultados que Hamilton mais precisa agora, para não ser estigmatizado como um "novo Villeneuve".
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