quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

TEXTO: O que veio antes, o ovo ou o oval?


A História dos Circuitos Ovais
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Por Fernando Ringel

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__Há algum tempo escrevi dois textos sobre a competitividade, e as vezes, a falta dela nas categorias top. Semana passada encontrei um desses textos e a primeira coisa que li foi a seguinte frase, “ultrapassagens o tempo inteiro em altíssima velocidade, a Indy é o automobilismo em estado puro.”
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Pensei comigo mesmo, “qual é o ideal das corridas? Correr o mais rápido possível, certo?” Ok, partindo desse raciocínio, se o assunto é velocidade, você deve se lembrar de quando era pequeno e “acelerava” seu carrinhos de rolemã. Pois então, antes de saber o que é corrida, velocidade, competição, o ser humano já nasce com esse “vírus”, essa coisa de querer ser o melhor, o mais rápido. Quando se é pequeno, tudo o que o menino deseja com seu carrinho de rolemã é uma rua com uma looonga descida, certo? Anos depois, o mesmo instinto de competição que faz crianças esfolarem dedos, joelhos e cotovelos nas corridas de rolemã, em um nível fora da lei se transforma nos pegas de rua, e em um nivel profissional, nas corridas de Dragsters.
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O oval, foi a evolução natural desse desejo por velocidade. Ao invés de você andar apenas em linha reta, criou-se um tipo de circuito em que se anda em longas retas sim, mas em 4 curvas (feitas com pé em baixo), pronto, você está de novo, em alta velocidade, de volta ao ponto de partida!
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Tão emocionante para os pilotos quanto para os expectadores, os ovais são a evolução perfeita do que chamamos de corrida de carros: alta velocidade, muitas trocas de posição e, acidentes, um infeliz tempero do automobilismo...

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Dentro dos muros de concreto dos ovais, pode-se acelerar “sem ter que fugir da polícia” e ainda por cima ter rápido acesso a atendimento médico e mecânico... ou seja, com o máximo de segurança possível!!!

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Dessa maneira, os antigos “pegas” pelas vias públicas se tornaram um produto altamente rentável na mídia. Através da exposição nos meios de comunicação, os “malucos” passaram a ser chamados de pilotos e sua habilidade ao volante devidamente admirada.

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Tudo muito bom, mas peraí: os ovais foram criados especialmente para o automobilismo americano?

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Nada disso. Os ovais como os conhecemos hoje (pista no centro rodeada por arquibancadas) nasceram há milhares de anos, e seus exemplos mais notáveis, na Roma antiga. O que chamamos hoje de Fórmula Indy, no Império Romano se chamava Corrida de Bigas.

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Muuuuuitíssimo antes de alguém pensar em contruir um oval no circuito de Monza, o público ia até a atual capital italiana para assistir as corridas realizadas no... COLISEU!!!

O Coliseu era a Indianápolis daqueles tempos e as corridas realizadas ali, eram o grande evento do “automobilismo” naquela época, reunindo centenas de milhares de expectadores nas “arquibancadas”.

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Na mesma linha, digamos que a Daytona 500 daquele tempo se chama Circus Maximus*. A pista oval, que comportava até 250 mil pessoas, existe até hoje e dá nome a um importante parque no centro de Roma.

Duvida? Clique no link e veja a sensacional corrida de bigas, uma das cenas mais famosas (e caras), do clássico Ben Hur, filmada em Circus Maximus.

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O único probema é que as bigas, pequenas charretes puxadas por 2 ou 4 cavalos, tinham de tudo, menos segurança. Na verdade, isso era intencional. A intenção era ver sangue mesmo. Coisas de uma época em que as corridas não passavam na televisão, rsrsrsr...

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Com mais cara de esporte do que de luta livre, as corridas com bigas em “circuitos“ ovais, chegaram ser modalidade olímpica entre 680 a.C e 648 a.C. A disputa consistia em doze voltas em um hipódromo (pista usada para corridas usando cavalos), tendo cada volta entre 823 e 914 metros. Parece pouco, mas isso daria um oval pequeno nos dias atuais. Para se ter uma idéia, os ovais de Martinsville e Bristol, tradicionalmente usadas pela Nascar, tem cerca de 800 metros de extensão, assim como o Richmond Internacional Raceway, na Indy.
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Voltando para as olimpíadas, vem daí a tradição de presentear o vencedor com uma coroa de louros (hábito presente até hoje nas provas mais tradicionais do automobilismo, como Le Mans e a Indy 500).
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Se fosse uma categorias top, poderia-se dizer que nessa modalidade não existia campeonato de pilotos. Digamos que nos ovais onde corriam as bigas (uma espécie de Indy daquela época), havia apenas “campeonato de construtores.” Por quê? Acreditem se quiserem, apesar de todos os riscos e mérito pela vitória, ao invés de premiar o piloto/cavaleiro, as coroas de louros eram dadas para o ... cavalo (!!!) e o para o dono do cavalo vencedor!!!
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Nas olimpiadas, além das bigas, as pistas ovais passaram a ser o centro das modalidades envolvendo atletismo, modelo usado até os dias atuais.
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O mundo foi evoluindo e, claro as corridas também. Para os lentos nasceu o hipismo, e para os rápidos, no século 18 nasceu na Inglaterra o Turfe, ou simplesmente Corrida de Cavalos. Ganha um doce quem acertar o formato das pistas de Turfe...

Na foto ao lado, o Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro.

Por ser barato e extremamente funcional tanto para esportes quanto para eventos, pista oval se tornou sinônimo de esporte, especialmente corridas... de tudo quanto é modalidade.

Você já ouviu falar na Greyhound Racing? Extremamente popular na Irlanda, Australia, Reino Unido e nos Estados Unidos, nos moldes do Turfe, nada mais é que corrida de cachorros!!! O negócio é tão lucrativo que Flávio Briatore, ex-chefão da Renault F1, tem uma “equipe” de Greyhound Racing. Advinha em que tipo de pista as corridas são disputadas???

Na foto abaixo o Park Greyhound Race Track, palco das principais corridas da modalidade na Irlanda. Um oval "bom pra cachorro", kkkk.

Até este momento da história, pista oval era significado de prestígio para todos, menos para os pilotos que, tirando um jockey do calibre de um Jorge Ricardo aqui e ali, o animal continuava sendo o centro das atenções.

Um dia, finalmente o ser humano, mesmo que não fosse um atleta, também decidiu entrar na pista: nasceram os ovais de terra, que em função do seu baixo custo, se tornaram muito populares em cidades do interior no mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos.

A partir deste momento, os animais foram colocados em se devido lugar: passaram a ser uma mera forma de medir a potência de cada motor. (sabe aquele negócio de “o motor tal tem tantos cavalos de potência?”)


As chamadas Dirt Ovals, corridas em ovais de terra batida, só tinham um problema: pouca aderência, e por consequência, menos velocidade. Por outro lado, foi na falta de aerofolios somada a terra, muitas vezes elameada, onde muitos pilotos famosos desenvolveram um talento especial para guiar. Rick Mears, homem que tem o singelo apelido de “REI DOS OVAIS”, é o maior exemplo disso. Direto do barro para ser um dos poucos a vencer 4 vezes em Indianápolis, conquistar 3 títulos da Indy e recusar um convite da Brabham para correr na F1!


Apesar de divertidas, muitos achavam limitadas as corridas nas pistas de terra. Foi aí que o automobilismo moderno e as pistas ovais finalmente se encontraram.

Uma idéia na cabeça + pá de pedreiro + alguns sacos de cimento + um pouco de pixe e finalmente nasciam os ovais de concreto e asfalto, principal palco do automobilismo top americano....

Na parte final deste texto, falarei sobre os tipos de pista oval utilizados em todo o mundo, especialmente os que foram palco para a Indy.

* Circus Maximus existe até hoje em Roma, porém não é usada em corridas oficiais desde... 549 antes de Cristo!

OBS: Você já ouviu falar em Indianápolis feito de gelo? Pois isso existe, chama-se Richmond Olympic Oval, palco das provas da Patinação no Gelo nas Olimpiadas de Inverno deste ano, em Vancouver no Canadá.
Abaixo, veja porque oval é “o traçado” para corridas.



Um abraço,
feringel@yahoo.com.br

Um comentário:

De Gennaro Motors disse...

gostei do post Fernando...achei diferente!